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Antes de viajar para Brasília, na manhã desta quarta-feira, o governador Tarso Genro decidiu vetar a lei do deputado estadual Raul Carrion (PcdoB) que
proíbe o uso de estrangeirismos no Rio Grande do Sul. O veto seria parcial, ou seja, haveria restrições à parte do conteúdo do projeto. A assessoria jurídica do governo faz os últimos ajustes no texto que justifica o veto parcial.
Em entrevista à Rádio Guaíba, em abril, Tarso defendeu o projeto: "Só uma visão muito caipira para achar que a gente não pode propor uma lei para defender o nosso idioma como elemento de identidade nacional. Agora, temos que analisar se isso não impedirá o enriquecimento da língua. Estrangeirismo é uma aquisição histórica, cultural e permanente que a língua faz e não pode ser ignorado", ponderou. O projeto estabelece a obrigatoriedade da tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a língua portuguesa sempre que houver no idioma uma palavra ou expressão equivalente.
Consultados pelo Correio do Povo, professores de português alertam que a legislação
não deve funcionar na prática. “A lei não vai resultar em nada”, na opinião do professor Paulo Ledur. Ele explica que a língua se faz pelo uso e por um processo cultural demorado. “A legislação não vai funcionar pela falta de fiscalização."
O advogado e consultor de português do Correio do Povo Landro Oviedo concorda. “Essa lei é totalmente desnecessária e inviável, porque a comunicação se faz espontaneamente. As pessoas assumem ou descartam as expressões que não fazem sentido, naturalmente”, explicou.