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Chicharito Hernández, 22, o mexicano que já marcou 20 vezes em sua temporada de estreia na Europa e que se tornou a principal esperança de gol do Manchester United para a decisão da Copa dos Campeões poderia ter construído carreira no Brasil.
Com 16 anos, o atacante veio ao país para a disputa de um torneio pelo Chivas. Agradou o Inter, que sondou uma possível contratação.
"Eles pediram um valor muito alto, em torno de US$ 1 milhão. Achamos irreal, até porque ele só poderia jogar depois que completasse 18 anos", lembrou o então coordenador técnico da base do clube, Jorge Macedo.
O equivalente a R$ 1,6 milhão (na cotação atual) transformou-se em aproximadamente R$ 17 milhões, valor pago pelo Manchester para contratá-lo no meio do ano passado e que hoje é considerada em uma pechincha.
Tanto que o jogador já teve seu nome ligado a uma possível ida para o Real Madrid, em negócio que movimentaria mais de R$ 57 milhões.
O Inter conheceu Chicharito em 2005, durante a Copa Promissão (hoje Copa Rio Preto), campeonato sub-17 disputado no interior de São Paulo, que tem o Chivas como tradicional participante.
Aquela foi a primeira participação do time mexicano, base da seleção que derrotaria o Brasil meses mais tarde e conquistaria o inédito título mundial da categoria.
"Eles tinham um timaço. Mas craque era o Carlos Vela", disse o organizador do torneio, Edie Mauro Garcia Detofoli, sobre a participação da equipe de Guadalajara.
Vela, que depois do Mundial seria negociado com o Arsenal, onde não se firmou, anotou três gols. Lenny, ex-Palmeiras e artilheiro pelo Fluminense, fez cinco.
Chicharito, hoje astro do Manchester, por sua vez, não marcou. "Mas ele fez um grande torneio. Só que jogava mais atrás naquela época", afirma Detofoli.
O nome do atacante só aparece uma vez nos boletins informativos do torneio. Ele foi um dos quatro expulsos do Chivas na derrota por 1 a 0 para o Corinthians, que encerrou as chances de título --terminou em sexto; o Cruzeiro faturou a taça.
Mas os brasileiros foram ajudados. Os mexicanos perderam pênalti e não puderam aproveitar o rebote porque o juiz assinalou antes o final do primeiro tempo.
Além disso, relatam, Chicharito nada fez para ser expulso --outro jogador fez a falta do cartão vermelho.
"Tudo isso aconteceu mesmo [risos]. Mas não sabia que ele estava nesse time", confirmou o técnico daquele Corinthians, Zé Augusto.
Hoje, seis anos depois, ninguém mais se esquece de Chicharito. "Ele faz muitos gols", resumiu Daniel Alves, do Barcelona, sobre o adversário de sábado pelo cobiçado título europeu.